

De uma sala emprestada à criação da primeira rede de franchising de marketing digital em Portugal, João Oliveira construiu a Link&Grow com visão, resiliência e espírito de partilha.Na Leader’s Talks by Volse, partilha connosco a sua jornada, a importância de liderar com propósito e a ambição de transformar o empreendedorismo digital no país.
1. João, como nasceu a Link&Grow e qual foi a sua visão inicial quando decidiu criar a agência?
João: A Link&Grow nasceu em 2015, depois de eu me apaixonar pelo Inbound Marketing em 2014. Na altura, comecei com uma ideia, mas transformei-a rapidamente num plano de negócios. Juntei formação, experiência e muita dedicação.
Os primeiros clientes foram um ginásio e uma clínica de implantes capilares. Comecei sozinho, numa sala emprestada, mas com o objetivo de criar algo estruturado e duradouro.
2. Quais foram as maiores dificuldades nos primeiros anos?
João: A maior dificuldade foi escalar. No início, eu fazia de tudo, desde consultoria a execução e gestão comercial. Mas percebi rapidamente que a consultoria sozinha não era suficiente, pois as empresas não aplicavam muito bem o que eu lhes recomendava. Foi aí que decidi criar a minha equipa e assumir também a execução.
Este passo foi essencial. Na altura contratei os primeiros colaboradores, que ainda hoje estão comigo, e isso permitiu que a agência crescesse de forma sustentável.
3. A inteligência artificial é hoje parte do vosso dia a dia, de que forma a mesma tem impactado o vosso trabalho?
João: A Inteligência Artificial tem-nos ajudado a otimizar tempo e também processos. Fazemos as coisas mais rápido, conseguimos servir mais clientes sem aumentar a estrutura, o que se traduz em mais produtividade e mais receita.
Contudo, eu vejo a Inteligência Artificial como um meio e não como um fim. É uma ferramenta que nos ajuda a pensar mais rápido e a executar melhor.
4. E quais são, na sua perspetiva, os maiores riscos associados à Inteligência Artificial?
João: Sem dúvida, o maior risco é a cibersegurança. A facilidade com que hoje se criam conteúdos falsos é assustadora. Já vemos vídeos e áudios ultra-realistas que podem enganar facilmente qualquer pessoa.
O impacto que isto tem na sociedade é enorme, pois estamos a falar de crianças, idosos e pessoas vulneráveis. E atenção: já está a acontecer, não é algo futuro. Acredito que a cibersegurança vai ser a grande indústria do futuro, e Portugal tem ainda muito caminho a percorrer.
5. Acredita que a robotização de tarefas vai transformar a forma como vivemos?
João: Sem dúvida! Imagino um futuro em que teremos robôs a cozinhar, a ensinar os nossos filhos, a cuidar de nós. Isso vai revolucionar a sociedade, mas também vai eliminar empregos.
O lado positivo é que o ser humano tem uma incrível capacidade de adaptação e a história mostra-nos isso. Se soubermos abraçar a mudança, podemos transformar esses desafios em oportunidades.
6. Voltando à Link&Grow, quando surgiu a ideia de transformar a agência numa rede de franchising?
João: A ideia surgiu ao fim de oito anos de atividade. Já tínhamos processos sólidos, resultados consistentes e experiência acumulada. Começámos a pensar: porque não partilhar este caminho com outros empreendedores? E foi isso que fizemos! Em 2024 lançámos oficialmente a rede de franchising, a primeira de marketing digital em Portugal. É ainda um projeto jovem, mas que nos motiva muito.
7. Como é que funciona o processo de adesão ao franchising?
João: O interessado agenda uma reunião connosco, na qual apresentamos o conceito e avaliamos se há fit. Se decidir avançar, assina um contrato de cinco anos e inicia um processo de formação de cerca de 90 horas.
Essa formação cobre gestão, liderança, finanças, parte comercial, técnica e também desenvolvimento pessoal. Depois, ajudamos no arranque dos primeiros clientes, damos suporte contínuo e acompanhamos a performance da agência.
8. Pode partilhar connosco qual é o investimento necessário?
João: Claro que sim. O valor inicial varia entre 15 mil e 25 mil euros + IVA, consoante a situação. Depois, existem royalties associados à faturação, que asseguram o acompanhamento, a licença da marca e a evolução constante da rede.
9. Qual é o perfil ideal de um franchisado Link&Grow?
João: Acima de tudo, procuramos empreendedores com espírito comercial, capacidade de liderança e vontade de aprender. Não precisam de ter experiência profunda em marketing digital, porque oferecemos quer formação, quer acompanhamento, mas precisam de ter resiliência, foco e vontade de fazer crescer o negócio.
10. Quais as maiores vantagens de entrar no vosso franchising?
João: Primeiro, o acesso imediato a know-how e processos que demoraram anos a ser construídos. Depois, o suporte contínuo. Não deixamos ninguém sozinho, principalmente no primeiro ano.
Além disso, há a força da marca, a partilha de conhecimento dentro da rede e a possibilidade de inovar em conjunto. Quanto mais pessoas caminharem connosco, mais oportunidades surgem.
11. Como é que se garante a qualidade dos serviços prestados por cada agência da rede?
João: Temos um manual operacional, damos formação específica e acompanhamos os primeiros clientes de cada franchisado. Fazemos auditorias online e monitorizamos a qualidade de forma contínua.
Queremos que todas as agências mantenham o mesmo nível de serviço e a mesma filosofia que caracteriza a Link&Grow.
12. Há eventos internos em que juntam a rede?
João: Sim, organizamos um evento anual que junta todas as agências e equipas. É um momento de partilha, de formação e também de união.
Além disso, fazemos reuniões regulares online e incentivamos a colaboração entre todos.
13. E a nível externo, participam em eventos de networking?
João: Já participei muito, nomeadamente em BNIs, mas confesso que hoje seleciono melhor os eventos. Vamos sobretudo àqueles que fazem sentido para a equipa ou que nos trazem valor estratégico.
14. Ao longo destes anos, qual foi a maior lição que aprendeu como líder?
João: Que sozinhos vamos mais rápido, mas acompanhados vamos mais longe. Durante muitos anos caminhei sozinho e consegui crescer, mas percebi que, com uma equipa e agora com uma rede, a evolução é muito maior.
Outra lição é que a resiliência é fundamental. Houve momentos difíceis, mas nunca deixei de acreditar no meu valor nem no valor da minha equipa.
15. Falando de liderança, como é que descreve o seu estilo de liderança?
João: É um estilo muito próximo. Gosto de conhecer as pessoas, perceber as suas motivações e dar-lhes espaço para crescer. Também acredito muito no planeamento, em ter objetivos claros e em alinhar toda a equipa em torno desses objetivos.
16. Para além da dimensão profissional, quem é o João fora do trabalho?
João: Sou casado, tenho três filhos e valorizo muito a família. Treino todos os dias, preocupo-me com a alimentação e gosto de socializar com amigos. Ao fim de semana, planeio atividades diferentes para viver experiências novas com a família. Esse equilíbrio é fundamental para mim.
17. Se pudesse deixar uma mensagem final a quem lê esta entrevista, qual seria?
João: Que acreditem em si próprios e no seu valor. Definam objetivos ambiciosos, planeiem, trabalhem e nunca desistam.
A nossa história na Link&Grow é apenas uma entre muitas, mas mostra que é possível criar algo sólido em Portugal, com resiliência, visão e espírito de partilha. O franchising é um novo capítulo dessa história e queremos crescer com empreendedores que partilhem essa visão.



